segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Educando meus pais

Estou aprendendo nos últimos dias que também educo meus pais. Não sei se a experiência é compartilhada por todos os meus amigos, ou parte deles, não sei. Não me importa. Mas estou certa: eu estou educando meus pais.
Tenho 27 anos, com pai aos 65 e mãe aos 62. As vivências que eles me contam são incríveis, são apaixonantes, mas as minhas também. Eles não entendem como encontramos beleza em tantas desgraças do mundo atual, mas é a minha época. Tenho relatos da minha mãe de que quando em sua comunidade (Fábrica de Armas) chegou a primeira televisão, a atração era pendurar na janela do morador que tinha a televisão e assistir. Ainda preta e branca. Eu não passei por isso, já nasci com televisão a cores.
Ela me conta também das paqueras, das cantadas. Tudo muito cheio de pudor. Lindo! Romântico! Mas não é o que eu vivi. Por isso às vezes tenho que explicar para minha mãe as atitudes dos namorados da neta ou da filha dela.
Meu pai já relata histórias de moralidade masculina. Histórias de como se deve tratar um filho. De como se portar na sociedade. Eu explico que tudo mudou. Explico que os netos não devem e não podem ser educados como ele foi - cheio de dureza, frieza e muito respeito. (Infelizmente até o respeito não é o mesmo)
Educo também quando peço para respeitarem o meu espaço, porque eu nasci em um tempo diferente do deles. Eu já tinha a televisão, o computador, a liberdade de ação. Foram eles que não tiveram! (Isso eles me contam).
Explico também que não existem comparações. Há compreensões. Eles têm que compreender, não comparar. Têm que conhecer os novos conceitos, não querer adaptar os deles. Prova disso foi minha mãe dizer que até o queijo parmesão era mais saboroso. Ela não pode comparar. O nosso industrializou. O dela era natural!
Eles também não tinha direito a demonstrar carinho. Demonstrar amor. O sentimento existia, bem forte, mas não era demonstrado. Hoje é menos intenso, até falso, mas é expressado.
Ensinei também que não somos cópias ou protótipos deles. Somos outros, somos próprios, apenas com o conhecimento que eles nos passaram. Absorvemos o que queremos!
Tento mostrar que somos uma nova geração... Talvez não nova, mas outra. Outra geração. Outras experiências.
E a minha satisfação é saber que meus pais entenderam. Captaram. E me ouvem. Eles mudaram muitas atitudes, minhas teorias. Eles estão respeitando, estão aprendendo, estão aceitando serem eduacados por mim.