domingo, 28 de abril de 2013

NILO MARTINS tem sua obra e vida narrados pela Academia Itajubense de História


Nilo Martins
 Foi com o Auditório Antônio Rodrigues de Oliveira (AARO) quase lotado que Nilo Martins foi homenageado pela Academia Itajubense de História, no último dia 28 de abril.


    Sr. Nilo exerceu funções auxiliares e posteriormente de chefia e assessoramento na Secretaria de Apoio Administrativo ao diretor geral da então Fábrica de Arma (FI – hoje Imbel), local onde se aposentou na condição de funcionário público, pertencente ao Ministério do Exército. Integrou também a equipe de instrutores da Escola Industrial, lecionando português, história e geografia.

 
    Conduzida pelo Coronel João Otero Diniz, a cerimônia teve como palestrante principal o professor,Wilson Ribeiro de Sá, que, por mais de duas horas narrou a vida e a obra de Nilo Martins, intitulada “Uma vida, um exemplo”. 

    Natural de Campanha-MG, o homenageado foi citado como um protagonista da cultura “pacatitopolitana”, referência a quem morava no bairro Pacatito (hoje Imbel). Os moradores da época garantem que ali florescia uma cultura própria, complexa, mas espontânea daquele povo. 

    Por inúmeras vezes, no discurso de seu ex-aluno, foi declarado como uma pessoa de valores morais, anseios de dignidade pessoal e familiar, com princípios éticos, de liderança, honradez e sentimentos humanísticos. Muitas das declarações puderam ser exemplificadas com ações por ele praticadas, ou por relatos, de amigos e familiares.


    Nas palavras do militar Arlindo Viana, Nilo Martins foi um estudioso de ciências sociais, que encontrava tempo para se dedicar a ouvir músicas cultas e contribuir com artigos na imprensa local. “Somos os felizes herdeiros de suas contribuições patrióticas, cívicas e éticas”, disse Arlindo. 

    Já nas declarações do cônego Augusto José de Carvalho, conhecido Padre Carvalhinho, em seu livro “Trem de Manobra”, pág. 197, descreve Nilo entre os seus melhores amigos: “era ali, o homem dos sete ofícios. Na época em que vivi na Fábrica de Armas, ele exercia, além do cargo de secretário, também de presidente do Centro Social, de Sacristão de S. Terezinha, de presidente dos Vicentinos e sei mais o que... Além de seus afazeres de obrigação e os de pura caridade, que não eram poucos, o Nilo era uma espécie de fac-totum ou, como se dizia, o quebra galho, arrumando esta ou aquela situação difícil, que só ele sabia resolver”. 

    Dentre tantas outras declarações sobre Nilo Martins, destaca-se ainda alguns relatos para que sejam eternizados: 

“..caminhava dois quilômetros, uma vez por semana, deslocando-se do Pacatito até a Vila Vicentina, para assistir aos pobres. Uma vez, houve o roubo de um relógio de parede da igreja de Santa Terezinha e o ladrão, depois de identificado, foi preso. Nilo apiedou-se do homem e o visitava regularmente na prisão, levando-lhe roupas e alimentos”. 

“..tinha uma ânsia incontida da busca pelo conhecimento através da formação pela leitura e informação; pelo rádio dedicava atenção especial à música clássica, e depois, com a televisão, aos recitais das orquestas sinfônicas do Brasil e do exterior; nos filmes preferia preferindo os românticos e musicais norte-americanos e europeus.” 

“...à frente do Clube Recreativo XVI de Julho, Nilo Martins desafiou o preconceito imperante na época contra os negros e autorizou, pela primeira vez na história daquela comunidade, o ingresso de jovens negros nos bailes e demais eventos. Antes, os negros em Itajubá só tinham acesso ao clube “Nova Aurora”. 

“...era um autodidata, com quarto ano primário de estudos, mas, tinha uma excelente biblioteca em sua casa. Muitos creditam a formação autodidática de Nilo Martins à influência do seu sogro, João Pires de Oliveira Feichas, intelectual de renome em Itajubá e fundador de dois jornais, “A Marreta” e “o Labor”. João Pires era um dos principais amigos do Presidente Wenceslau Braz, e hoje é nome de uma travessa na praça de Itajubá onde se situa a Foto Ótica São José. 

“...Nilo também escreveu para o jornal “O Sul de Minas”, sob o pseudônimo “Lino Freire”, e apresentava caligrafias impecáveis, em suas cartas e recados aos filhos e amigos, assim como em seus pareceres, na redação dos ofícios e memorandos, e até mesmo nos discursos dos comandantes a serem proferidos nos principais eventos da F.I., alcançando ainda a categoria de redator e diretor do jornal da F.I”. 

“...como professor, foi lembrado sendo muito austero e exigente. Cobrava dos alunos o dever de casa e não aceitava enganação... nem dos filhos!” 

Nilo era casado com Thereza Feichas Martins e teve dez filhos, 43 netos. Faleceu aos 67 anos, no dia 28 de abril de 1982, há exatos 31 anos da sua homenagem. 

Fica a certeza de que ele é um dos atores da história da Fábrica de Armas.
------------------------------------------------------------------------------------------31 anos é a minha idade. Sua neta. Que muito me identifiquei 
com o homenageado e só posso dizer que “ficou o gostinho de 
conhecer meu avô, resgatar o novo Pacativo 
e dar um nome de rua à Nilo Martins”. 



PS: Conheceram o homenageado e estiveram presentes no evento os ex-vice-prefeitos, Ari Mont´Alvão e Laudelino Augusto, ex-vereadores Gibi e Geraldo Canha, a empresária Márcia Nishimaki, e o ex-prefeito Rosemburgo Romano.

Prof. Wilson Ribeiro de Sá, ex-aluno de Nilo

As  filhas Maria Silvia e Marília

A primeira filha, Maria Aparecida (esq) recebe homenagem da amiga da família, Márcia Nishimaki

As irmãs de Nilo Martins, Renata, Nise e Arlete,
e o presidente da Academia de História, Cel. João Otero Diniz


As filhas Maria Silvia, Isabel Cristina (Bel) e Marília (Lila)


Filha Maria Aparecida (Cida), Irmãs, e os filhos João Carlos (Caca) e Aluízio (Gaiza)






VEJA OS VÍDEOS ABAIXO:


Momentos da cerimônia

Josmal dos Santos, hoje casado com uma das filhas de Nilo, faz uma homenagem final